Analistas do Standard Chartered alertam para uma queda "inevitável" de curto prazo do Bitcoin abaixo dos US$ 100.000.

Paradoxalmente, essa correção pode representar a última oportunidade para grandes investidores entrarem no mercado antes do próximo movimento de alta. Há menos de três semanas, os mesmos analistas projetavam que o Bitcoin poderia atingir US$ 135.000 até o terceiro trimestre, com uma possível máxima histórica de US$ 200.000 até o fim do ano.

Agora, porém, eles admitem que uma queda temporária abaixo da marca dos seis dígitos é provável.

Pressão macroeconômica versus mercados de criptomoedas: medo, guerras comerciais e o dólar

O pico de US$ 126.000, registrado em 6 de outubro, não foi apenas um topo local, mas também marcou uma mudança de fase no mercado. O Standard Chartered observa que a liquidação de ativos teve início em meio ao aumento dos temores de uma nova guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. O medo impulsiona a demanda pelo dólar americano, e atua como veneno para os ativos de risco. O Bitcoin não é exceção.

Sem sinais de que a liquidez esteja retornando aos mercados tradicionais e com as expectativas de afrouxamento monetário sendo constantemente adiadas, o Bitcoin enfrenta agora um cenário desafiador, no qual o prêmio de risco associado à criptomoeda continua em expansão.

Abaixo de US$ 100.000, mas não por muito tempo: uma janela de oportunidade

O Standard Chartered não enxerga a queda iminente como uma ameaça, mas sim como uma oportunidade. Segundo o banco, o mercado "precisa eliminar as mãos fracas" antes de conseguir avançar. Aqueles que aproveitarem para comprar na baixa podem se posicionar favoravelmente para o primeiro trimestre.O banco destaca três indicadores-chave a serem observados para identificar um possível ponto de fundo:

1. Fluxos de capital entre ouro e Bitcoin

A liquidação do mercado de ouro na semana passada coincidiu com uma alta intradiária do Bitcoin. Se essa relação inversa se mantiver, pode sinalizar uma nova rotação de capital dos portos seguros tradicionais para o mercado cripto.

2. Mudança dovish por parte do Fed

Mesmo um sinal neutro do Federal Reserve seria interpretado como positivo para os ativos de risco. Qualquer indicação de suspensão do aperto quantitativo (QT) pode aumentar a liquidez do mercado e impulsionar os preços dos ativos digitais.

3. Resiliência técnica

Apesar das recentes correções, o Bitcoin permanece acima de sua média móvel de 50 semanas, que estava próxima de US$ 25.000 em 2023.Essa linha de tendência de alta reforça a força estrutural subjacente do mercado altista.

Opções vs. Futuros: Sinais de evolução do mercado

Enquanto os participantes do mercado debatem as metas de preço de curto prazo, a estrutura de mercado do Bitcoin continua a evoluir.

Pela primeira vez, o interesse em aberto total em opções de Bitcoin superou o de futuros — US$ 108 bilhões contra US$ 68 bilhões, segundo dados da CheckonChain.

Antes, os traders especulativos dependiam fortemente de futuros altamente alavancados; agora, a atenção se volta para ferramentas de gestão de risco mais flexíveis.

As opções permitem proteger posições contra a volatilidade sem acionar liquidações forçadas, um sinal do amadurecimento institucional e do avanço na sofisticação das estratégias de risco.

O lançamento das opções sobre o iShares Bitcoin Trust (IBIT) pela BlackRock, em novembro de 2024, representou um marco importante na institucionalização do Bitcoin.

Outubro: Uma ruptura na correlação entre ouro e bitcoin

Outubro foi um mês atípico: o ouro e o Bitcoin se moveram em direções opostas. Enquanto o metal precioso registrou uma valorização de quase 10%, o Bitcoin acumulou uma queda de 6% — rompendo, assim, a narrativa de longa data do "ouro digital versus ouro físico". Na realidade, essa divergência refletiu fatores distintos.

A queda do ouro entre 21 e 22 de outubro foi impulsionada por um superaquecimento no mercado de metais preciosos, enquanto o mercado cripto já havia precificado seu próprio "ponto de dor" anteriormente, com uma correção de 17% a partir das máximas locais. Em outras palavras, o Bitcoin saiu na frente na fase de correção.

Catalisadores Diferentes, Cronogramas Diferentes

O ouro responde principalmente a decisões macroeconômicas tomadas por bancos centrais, enquanto o Bitcoin reage a uma variedade de fatores internos — como alavancagem, fluxos de ETFs e redistribuição on-chain. Esse comportamento assíncrono é o que torna o mercado cripto único: ele opera em seu próprio ritmo.

Vale destacar que o ouro tokenizado em plataformas como a Bybit (XAUTUSDT) espelhou os movimentos do mercado à vista sem apresentar discrepâncias ou anomalias — um sinal importante para traders que utilizam estratégias de hedge cruzado dentro do ecossistema cripto. A infraestrutura do setor já amadureceu o suficiente para manter a transparência, mesmo durante períodos de choque.

O Que Isso Significa para os Traders

O Bitcoin está entrando em uma zona de turbulência. As mãos fortes permanecem ativas, enquanto investidores institucionais vêm aumentando sua exposição por meio de opções, em vez de futuros. No curto prazo, é esperada maior volatilidade, e uma nova queda para a faixa entre US$ 95.000 e US$ 97.000 permanece possível.

No entanto, em um horizonte de 6 a 12 meses, tanto o ciclo macroeconômico quanto o avanço da participação institucional indicam que a tendência de alta de longo prazo continua intacta.