O S&P 500 deu mais um passo rumo a uma nova máxima histórica. Como poderia ser diferente, quando a economia americana se mantém forte, o Federal Reserve se prepara para retomar um ciclo de expansão monetária, e a líder de mercado NVIDIA deve divulgar resultados sólidos?

Os investidores estão ignorando as tentativas do presidente dos EUA de remover a membro do FOMC, Lisa Cook, algo inédito nos 111 anos de história do banco central. Por que se preocupar, se o Fed já planeja fazer o que Donald Trump quer: cortar as taxas de juros?

Desempenho do índice de ações dos EUA

A reação contida do S&P 500 ao caso da tentativa de demissão de Lisa Cook demonstra que o mercado aprendeu a não se basear apenas no que é dito, mas a observar as ações. Caso contrário, o índice amplo de ações poderia ter sido impactado pela ameaça de Trump de impor tarifas de 200% à China caso o país continue dificultando o acesso dos EUA a metais raros, ou pela declaração do Secretário de Comércio Howard Latnik, indicando que a Casa Branca está disposta a trocar seu apoio ao setor de defesa por participação em empresas — exatamente como ocorreu com a Intel.

Os Estados Unidos parecem se mover em direção a um modelo mais próximo de um país em desenvolvimento, em que o presidente dita ordens ao banco central e o Estado se torna acionista de corporações locais. Isso acarreta riscos de fuga de capitais e uma possível correção no S&P 500. Ainda assim, os investidores preferem adotar uma postura de observação cautelosa.

O risco é real: se Trump conseguir garantir a maioria no FOMC, seria criado um precedente histórico de um banco central "fantoche". Os investidores não têm referência para esse cenário. Existem exemplos no Reino Unido e na França, onde, em meio a vendas em massa por desconfiança nas ações do governo, os rendimentos dos títulos dispararam e a libra e o euro caíram frente a grandes concorrentes. O comportamento futuro do S&P 500 em situação semelhante permanece incerto.

Desempenho dos rendimentos do Tesouro dos EUA

Por enquanto, o S&P 500 se beneficiao da queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro e dos dados econômicos positivos dos EUA. Os pedidos de bens duráveis e o Índice de Confiança do Consumidor superaram as previsões da Bloomberg. Enquanto isso, a probabilidade de um corte na taxa de fundos federais em setembro continua alta — 87%. Essa combinação dá sinal verde para as ações americanas.

Além disso, espera-se que a NVIDIA apresente resultados impressionantes. Analistas de Wall Street projetam uma receita de US$ 41,3 bilhões, um aumento de 57% em relação ao ano passado, com previsão de US$ 53,4 bilhões para o terceiro trimestre. O lucro líquido no período de abril a junho deve atingir US$ 24,7 bilhões, comparado a US$ 16,6 bilhões no mesmo período de 2024.

Do ponto de vista técnico, no gráfico diário, o S&P 500 se aproximou de uma nova máxima histórica. As posições compradas iniciadas em 6393 e 6407 devem ser mantidas e reforçadas caso o índice amplo supere sua máxima local em 6480. Os alvos seguintes estão em 6565 e 6700.